Con il rientro dalla minitournée milanese e il passaggio all’EXPO, prediamo un po’ di ferie (magari un po’ tante) dalla versione ecspobag del branobag e rientriamo in quello classico con un brano lieve come lo scorrere di una rotella con la striscia di carta dei vecchi telegrafisti.
Non finendo mai di imparare si scopre che il testo, che suonava molto Jannacciano, è in effetti di un poeta brasiliano. Questo non diminuisce il valore della storia. Anzi: a questo punto il compito interessante sarebbe scoprire come Enzo J. scoprì la poesia e decise di farne canzone.
“João o telegrafista” del poeta brasiliano Cassiano Ricardo, interpretata da Enzo Jannacci
João telegrafista.
Nunca mais que isso,
estaçãozinha pobre
havia mais árvores pássaros
que pessoas.
Só tinha coração urgente.
Embora sem nenhuma
promoção.
A bater a bater sua única
tecla.
Elíptico, como todo
telegrafista.
Cortando flores preposições
para encurtar palavras,
para ser breve na necessidade.
Conheceu Dalva uma Dalva
não alva sequer matutina
mas jambo, morena.
Que um dia fugiu — único
dia em que foi matutina —
para ir morar cidade grande
cheia luzes jóias.
História viva, urgente.
Ah, inutilidade alfabeto Morse
nas mãos João telegrafista
procurar procurar Dalva
todo mundo servido telégrafo.
Ah, quando envelhece,
como é dolorosa urgência!
João telegrafista
nunca mais que isso, urgente.
Por suas mãos passou mundo,
mundo que o fez urgente,
elíptico, apressado, cifrado.
Passou preço do café.
Passou amor Eduardo
VIII, hoje duque Windsor.
Passou calma ingleses sob
chuva de fogo. Passou
sensação primeira bomba
voadora.
Passaram gafanhotos chineses,
flores catástrofes.
Mas, entre todas as coisas,
passou notícia casamento Dalva
com outro.
João telegrafista
o de coração urgente
não disse palavra, apenas
três andorinhas pretas
(sem a mais mínima intenção simbólica)
pousaram sobre
seu soluço telegráfico.
Um soluço sem endereço — Dalva —
e urgente.